sexta-feira, 17 de agosto de 2012

>>> Bowling Alone de Robert Putnam


Li este livro em 2010 e adotei como uma das referências teóricas para minha dissertação de mestrado defendida em maio de 2012. (Mensuração de Capital Social em Cidades do Interior do Estado de São Paulo - Carlos Lopes - PUC SP).
Como já escreveu Augusto de Franco(1), em 1832 foi preciso que um europeu (Alexis de Toccqueville) fosse à América para descobrir a pujança da nascente nação do novo mundo e espalhar para o mundo as virtudes da participação em organizações de interesses variados, em 1970 foi preciso que um americano (Robert Putnam) fosse ao velho mundo para redescobrir essas mesmas características no Norte na da Itália. Com essa redescoberta, foi então necessário voltar o olhar novamente para a América e se perguntar: como esta o capital social nos Estados Unidos.
A resposta, de um modo geral, mostra um declínio acentuado do capital social nos Estados Unidos no último quarto do século 20. Apenas para ilustrar, o gráfico abaixo mostra alguns dados agregados por minha conta sobre a participação em organizações nacionais nos Estados Unidos.

Gráfico: Vida associativa e atividades públicas nos Estados Unidos no período de 1900 a 1998

Fonte: Criação própria a partir de Putnam, Robert - Bowling alone, NY 2000

A partir desse gráfico, é possível observar que a participação (ou afiliação) tem um aumento leve nas
primeira décadas do século 20, aumento abrupto nos anos da segunda guerra mundial, atinge um pico entre as décadas de 50 e 60 e entra em queda a partir da década 60 e queda mais acentuada a partir da década de 70. Com esses elementos e agregando dezenas de outros, Putnam estabelece as possíveis causas do declínio do capital social e além disso estabelece um índice de capital social para todos os estados americanos.

A análise e os resultados da sua pesquisa não se limitam aos dados quantitativos e gráficos. Traz apontamentos históricos da era dourada e da era progressista que alicerçaram as bases para o capital social, e indo além, associa os níveis de capital social à distribuição de renda, resultados educacionais, saúde e retorna à Tocqueville analisando o impacto do capital social na democracia americana.
É um dos livros que precisam ser lidos para compreender de uma forma clara, objetiva e profunda as diversas facetas do capital social (inclusive seu lado obscuro). Infelizmente não está em português e já está mais do na hora de se ter um financiamento para coloca-lo na nossa língua e ampliar seu alcance.

(1) Carta DLIS 62 - Franco Augusto - Julho/2004. Disponível neste blog em http://carloslopes1.blogspot.com.br/2009/12/tocqueville-na-china-carta-rede-social.html

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